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Autor:

               Anton Tchekhov nasceu em 29 de janeiro de 1860 em  em Taganrog no sul da Rússia, em uma família humilde. Desde pequeno ajudou seu pai, Pavel Egorovic, na sua mercearia, pra ajudar a sustentar a sua família. Eugenia Jakovlevna era sua mãe, ela teve além de Anton, mais quatro filhos e duas filhas.
           Durante toda sua carreira na literatura, Anton Tchekhov também foi médico, e durante sua licenciatura (concluída em 1884) começou a publicar centenas de artigos em vários jornais e revistas de Moscou e São Petersburgo.  
           Em 1892, ele se mudou para Melichovo, uma propriedade rural aonde morou com sua família, e prestava auxílio médico aos camponeses. Entre as visitas recebia estava Lidia Mizinova, com quem manteve uma relação afetiva e que foi uma figura inspiradora de personagens de suas obras.                      
             Escreveu para o teatro de Moscou quatro peças: A gaivota, Tio Vânia, As três irmãs, e  O jardim das cerejeiras. Essas peças formaram o ambiente  para a fundação do Teatro de Arte de Moscou, em 1898, sob o signo do  impressionismo. Anton Tchekhov faleceu na Alemanha no ano de 1904 vítima de tuberculose.

 

      5 obras do autor:

  • Platonov

  • Tio Vânia

  • O jardim das Cerejeiras

  • A gaivota

  • As três irmãs

 

 

            Obra:

 

            A história inicia-se com Duniacha, sua criada, e Lopakhin um comerciante amigo, recepcionando a volta de Liubóv e sua filha Ânia, após cinco anos morando em paris.  A alegria e tranquilidade do retorno é interrompida quando Lopakhin, anuncia que as terras e a casa deveriam ser vendidas para que as dívidas de madame Liubóv pudessem ser quitadas, ou ceder parte das terras para a construção de chalés. Porém isso implicaria a destruição da maior beleza de suas terras, o jardim das cerejeiras. Madame Liubóv, simplesmente não decide nada e espera o destino tomar seu rumo. Mais tarde é necessário então tomar alguma decisão, então seu irmão Gaév vai até a cidade para o leilão das terras, que acabam sendo compradas pelo próprio Lopakhin. No final, Liubóv, e sua filha mais nova Ânia, se mudam assim como seu irmão Gaév e todos os outros personagens, deixando a casa e as terras somente com Lupakhin que decide por derrubar o jardim. Na última cena, quando todos vão embora, pode-se ouvir o som dos machados destruindo o jardim das cerejeiras.

 

 

Projeto de Cena - Adaptação

 

LIUBÓV

CARACTERÍSTICAS: Melancólica e preocupada devido à partida

FIGURINO: Vestido de viagem,casaco,  chapéu e sapatos

MAQUIAGEM: Natural

ATRIZ: Bianca Coimbra

 

 

GAÉV

CARACTERÍSTICAS: Eufórico e falador

FIGURINO: Calça, sapatos, camisa social branca e colete

MAQUIAGEM: Natural

ATOR: Thairo Matheus

 

 

VÁRIA

CARACTERÍSTICAS: Entusiasmada

FIGURINO: Vestido branco, lenço no cabelo e sapatos

MAQUIAGEM: Natural

ATRIZ: Ariely Paola

 

LOPAKHIN

CARACTERÍSTICAS: Ancioso, devido ao pedido de casamento

FIGURINO: Camisa social, calça social, sapatos e chapéu

MAQUIAGEM: Natural

ATOR: Pedro Gabriel

 

FIERS

CARACTERÍSTICAS: Decepcionado, calmo e doente

FIGURINO: Paletó

MAQUIAGEM: Bigode

ATOR: Alberto Villar

 

ESPAÇO DRAMÁTICO: O quarto de Liubov vazio devido à partida de todos, e com algumas coisas amontoadas que já não serão mais usadas pela família.

ESPAÇO CÊNICO: Malas de viagem, quadros amontoados, um criado mudo, caixas amontoadas, uma cadeira, a porta.

SONOPLASTIA: Stormy Water- Ethel Waters (1933)

ILUMINAÇÃOLuz amarela, ambiente antigo

 

Cena

 

 

VÁRIA-  Uma nova vida está começando, mãe!

 

GAÉV-  [Alegremente] Sim, realmente, tudo será novo agora. Antes do cerejal ser vendido, estávamos todos preocupados e sofrendo, e agora, quando o problema foi resolvido de uma vez por todas, todos nos acalmamos, ficamos até contentes. Sou um bancário agora, um financista... Vermelha no centro; e você, Luluba, por alguma razão, aparenta estar melhor, não tenha dúvidas sobre isso.

 

LIUBOV-. Sim. Meus nervos estão melhores, é verdade. [Poe o casaco e o chapéu] Eu dormirei bem. Pegue minha bagagem. Está na hora. [Para VÁRIA] Minha garotinha, nos encontraremos em breve... Estarei em Paris. Viverei lá com o dinheiro que nossa tia de Iaroslav nos mandou para comprar a propriedade - Deus que a abençoe! - Entretanto, esse dinheiro não durará muito.

 

VÁRIA. Você voltará logo, mamãe, não vai? Eu me prepararei, e então trabalharei para te ajudar. Leremos todos os tipos de livro uma para a outra, não vamos? [Beija as mãos de sua mãe] Leremos durante as tardes de outono; leremos tantos livros, e um lindo mundo totalmente novo se abrirá bem na nossa frente... [Pensativa] Você voltará, mamãe...

 

LIUBOV. Voltarei, meu anjo. [Abraça VÁRIA.] . Agora podemos ir. Entretanto, fico preocupada com duas coisas. A primeira é o pobre Fiers [Olha seu relógio] Nós ainda temos cinco minutos...

 

 

 

 

 

 

 

 

VÁRIA- . Mãe, o Fiers já foi enviado para o hospital. Iacha o levou esta manhã. [Sai VÁRIA]

 

LIUBOV. A segunda é Vária. Ela acostumava acordar cedo e trabalhar, e agora que  não tem trabalho para fazer, vai se sentir como um peixe fora d’água. Ela está ficando magra e pálida, e anda chorando, pobrezinha... [Pausa] Sabe Iermolai Alexeiêvitch, eu costumava a ter esperança de casa-la com você, e agora penso, você pretende casar com alguém?  Ela te ama, e você parece gostar dela também, e não entendo, realmente não entendo, porque vocês dois ficam longe um do outro. Eu não entendo!

 

LOPAKHIN. Para dizer a verdade, eu também não entendo. Tudo é tão estranho... Se ainda tivéssemos tempo, eu estaria pronto na hora... Vamos resolver isso, de uma vez por todas. Temos até champanhe, muito apropriado... [Olha as taças] Estão vazias, beberam tudo...

 

 

LIUBOV. [Animada] Excelente. Vou chamá-la

 

LOPAKHIN. [Olha seu relógio] Sim... [Pausa.]

Atrás da porta, escuta-se algumas risadas e sussurros, então VÁRIA entra.

 

VÁRIA. [Olhando a bagagem em silêncio] Eu não consigo encontrá-las...

 

LOPAKHIN. O que você está procurando?

 

VÁRIA. Eu mesma empacotei e não consigo lembrar. [Pausa.]

 

LOPAKHIN. Para onde você vai agora, Bárbara Mihailóvna?

 

VÁRIA. Eu? Para os Ragulins... Consegui um emprego, irei para lá ficar na casa deles... Uma espécie de governanta ou algo do tipo.

 

LOPAKHIN. Mas isso não fica em Iashnevo? Fica oitenta quilômetros daqui. [Pausa] Então acabou

mesmo a vida nessa casa...

 

VÁRIA. [Procurando entre as malas] Onde está? …Talvez eu coloquei no baú... Sim, não haverá mais vida nessa casa...

 

LOPAKHIN. Eu estou indo para Kharkiv... Neste mesmo trem. Tenho um monte de negócios para serem fechados. Estou deixando Iepikhodov aqui... Vou mantê-lo no emprego.

 

VÁRIA. Que bom, que bom!

 

LOPAKHIN. Ano passado, nessa época, já estava nevando, não sei se você se lembra, e agora está tão ensolarado. Apenas está um pouco frio... Três graus abaixo de zero.

 

VÁRIA. Não percebi. [Pausa] E nosso termômetro está quebrado... [Pausa.]

 

UMA VOZ NA PORTA. Iermolai Alexeiêvitch!

 

LOPAKHIN.  Estou  indo! [Sai  rapidamente.]

 

VÁRIA, coloca seu rosto em uma trouxa de roupas e chora suavemente. A porta se abre. LIUBOV ANDRÊIEVNA entra com cuidado.

 

 

 

LIUBOV. E então? [Pausa] Devemos ir.

 

VÁRIA. [Sem chorar agora, limpa os olhos] Sim, está na hora de irmos, mamãezinha. Chegarei nos

Ragulins ainda hoje, se eu não perder o trem...

 

LIUBOV. [Na porta] Gaev, junte suas coisas. [Entra GAÉV e cuida da Bagagem] Agora podemos ir embora.!

 

 

Entra  LOPAKHIN.

 

LOPAKHIN - meu casaco!

 

LIUBOV. Sentarei aqui somente mais um minutinho. É como se eu estivesse vendo essas paredes e

janelas pela primeira vez, somente agora eu as vejo claramente, com um amor tão terno...

 

GAÉV. Eu me lembro, quando eu tinha seis anos, no Sexta-Feira Santa, eu sentava aqui e olhava por essa

janela meu pai indo para a igreja...

 

LIUBOV. Já foram levadas todas as coisas?

 

LOPAKHIN. Sim, tudo, acho

 

LOPAKHIN. Até a primavera.

 

GAÉV. [Afetado profundamente, quase chorando] O trem... A estação... Cruza no centro, bate na

amarela, sobe para o canto...

 

LIUBOV. Vamos!

 

LOPAKHIN. Estão todos aqui? Não falta ninguém?  Tem um monte de coisas aqui dentro.Tranquem pra não ter problemas. Vamos!

VÁRIA-  Adeus lar! Adeus, vida antiga!

 [Sai  VARIA.]

 

LIUBOV ANDRÊIEVNA e GAÉV são deixados a sós . Abraçam-se fortemente

 

GAÉV. [Desesperado] Minha irmã, minha irmã...

 

LIUBOV. Meu finado, gentil, lindo jardim! Minha vida, juventude, minha felicidade, adeus! Adeus!

 

VOZ DA VÁRIA. [Alegre] Mãe!

 

VOZ DE LOPAKHIN. [Alegre, radiante] Uhuul!

 

LIUBOV. Olhar essas paredes e janelas pela última vez... Minha falecida mãe amava andar neste quarto...

 

GAÉV. Minha irmã, minha irmã!

 

VOZ DE VÁRIA . Mãe!

 

VOZ DE LOPAKHIN. UHULLL!!!

 

LIUBOV. Estamos indo! [Saem ambos.]

 

O palco está vazio. O som das chaves sendo viradas na tranca é escutado, sons da carruagem partindo. Está tudo quieto. Então, o triste som dos machados nas árvores é escutado cruzando o silêncio. Sons de passo. FIERS entra pela porta da direita. Ele veste o mesmo de sempre, casaco branco; sandálias nos pés. Ele está doente. Vai até a porta e tenta abri-la, mas está trancada.

FIERS. Está trancada. Foram embora. [Senta no sofá] Esqueceram-me aqui... Deixa pra lá, vou ficar

sentado aqui... E Leônid Andreiêvitch deve ter saído com aquele casaquinho leve em vez de usar o casaco de peles... [Suspira ansioso] Mas nem os vi... Oh, esses jovens! [Resmunga algumas coisas

incompreensíveis] A vida se passou como se eu nem tivesse vivido. [Deita-se] Vou deitar aqui...Nem

força lhe sobrou, nada lhe sobrou seu... Seu... Vale-nada! Ele fica deitado, sem se mexer. Um som no horizonte é escutado, como se viesse do céu, de uma corda se rompendo, com o som diminuindo tristemente bem longe. Silêncio em seguida, sendo que a única coisa que é escutada, em algum lugar longe, bem longe do jardim, são os machados nas árvores.

Bianca Coimbra

© Cia Teatral Sinestesia

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