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Autor: Dias Gomes

            Alfredo de Freitas Dias Gomes nasceu em Salvador, em 19 de outubro de 1922.Filho de Alice Ribeiro de Freitas Gomes e Plínio Alves Dias Gomes. Em 193 5, mudou-se com a família para o Rio de Janeiro. Em 1943, ingressou na Faculdade de Direito do Rio de Janeiro, abandonando o curso no terceiro ano.

 

Foi no ambiente radiofônico que Dias Gomes travou contato pela primeira vez com aquela que se tornaria sua primeira esposa, Janete Clair. Com ela casou-se em março de 1950, e teve três filhos. Depois que ela morreu, se casou com a atriz Bernadeth Lyzio, com quem tem duas filhas. Morreu num acidente de carro em 18 de maio de 1999.
 

Dias Gomes escreveu O bem-amado em 1962.

 

            PEÇAS DE DIAS GOMES:

1959    O Pagador de Promessas

1960    A Invasão

1961    A Revolução dos Beatos

1963    O Berço do Herói

1966    O Santo Inquérito

 

            Obra: O Bem – Amado.

            Sucupira é uma cidadezinha de veraneio que sofre pela falta de um cemitério, então num dia surge um político honrado, que promete construir um se for eleito prefeito, ele consegue, e logo se apressa a construir o cemitério, deixa tudo pronto, mas depois de um ano sem uma morte sequer na cidade, ele é obrigado a criar planos para conseguir um cadáver, ele chega a chamar um moribundo para ir morar na cidade e a contratar um cangaceiro para ser delegado. Quando ele consegue seu merecido cadáver, acaba não podendo enterrá-lo no cemitério por causa de um pedido feito pelo pai da falecida. Ao tentar se opuser ao testamento, o delegado acaba matando-o. E Odorico acaba se tornando a primeira pessoa a ser enterrada em Sucupira.

 

 

 

PROJETO DE CENA

 

PERSONAGENS:
 

Odorico (Janderson Sales): É o prefeito eleito de sucupira, após construir um cemitério, faz de tudo para conseguir algum cadáver para enterrar nele, nessa cena, Odorico está esperando para saber se o primo de Dulcinéa, Dorotéa e de Judicéa morreu ou não.
Figurino: usa um terno de cor escura, um chapéu panamá, e sapatos sociais.
Maquiagem: usar mistura de látex para criar rugas de expressão ao redor de sua boca e em sua testa

Judicéa (Ana tereza): Irmã de Dorotéa e de Dulcinéa, meio imatura, faz comentários fora de hora.
Figurino: Usa uma camiseta de cor escura com uma renda e uma saia que vai até os joelhos.
Maquiagem: Usa maquiagem na face para ter um tom mais escuro de pele, também usa rímel e batom bem forte.

 

Dorotéa (Beatriz Figueiredo): Irmã de Dulcinéa e de Judicéa, é uma professora em Sucupira, e repreende os atos infantis de sua irmã Judicéa.
Figurino: Usa tailleurs bem cortados e broches que lembram flâmulas, é a mais conservadora das três.
Maquiagem: usa apenas um batom de cor forte, só maquiagem básica

Dirceu (José Arthur): Exímio caçador de borboletas, marido de Dulcinéa, fez um voto de castidade e por isso sua esposa o traiu com Odorico, é bem calmo e sensato.

Figurino: Usa uma camisa de mangas compridas, calça comprida e um chapéu parecido com o de Odorico, também usa uns óculos redondos.
Maquiagem: usa um bigode ralo e uns óculos redondos, só maquiagem básica.

 

Ernesto (João Pedro): Primo de Dulcinéa, de Judicéa e de Dorotéa, veio para Sucupira pois estava com uma doença pulmonar, com o intuito de ser o primeiro a ser internado no cemitério da cidade.
Figurino: Usa uma calça comprida, camisa de manga comprida e um par de sandálias.
Maquiagem: Maquiagem forte para deixa-lo parecendo que está doente, também possui um bigode

Cenário: um sofá e uma mesinha de centro representarão a sala, uma cortina a separa do quarto onde se tem uma cama e uma cadeira.

Sonoplastia: O bem amado - Coral Som Livre.
Iluminação: luz ambiente regular, sem foco.
Espaço dramático: é uma sala e um quarto de uma casa regular, na época de 1950, 1960.

Espaço cênico: um sofá e uma mesinha de centro de um lado da cortina, uma cama e uma cadeira do outro lado.


                                  QUARTO QUADRO

 

 

Em casa das solteironas. Enquanto, no quarto, o primo Ernesto agoniza, na sala Odorico decora a oração fúnebre.

 

ODORICO

... que fique para sempre gravada nesta lápide... lápide...

 

Em volta do leito do moribundo, Dorotéa, Juju e Dirceu Borboleta. Dirceu acende

a vela que está na mão de Ernesto.

 

JUJU

Que coisa, hem?... Um homem moço, inteirinho... Desperdiçado. Os vermes vão comer...

 

DOROTÉA

(Lança a Juju um olhar de repreensão.)

Juju!

 

ODORICO

(Na sala.) Que fique pra sempre gravada nesta lápide... o nome desse bandeirante da morte,

desse pioneiro do além... 

Dorotéa sai do quarto e passa à sala.

 

ODORICO

Já?!

 

DOROTÉA

Continua agonizante.

 

ODORICO

Três dias já?! Nunca vi tanta vocação pra agonizante. É um agonizantista praticante.

 

DOROTÉA

Acho que vou pro meu quarto dormir um pouco.
 

ODORICO

(Chega-se a ela, insinuante.) Tá todo mundo preocupado com o moribundo... a gente podia...

(Ernesto tosse muito forte e então geme de dor)
 

DOROTÉA

Não, Odorico! Hoje, não!... É pecado... O primo está morrendo...

 

DIRCEU

 (Entrando na sala.)

Apagou!

 

ODORICO

Quem?! O primo?

 

DIRCEU

Não, a vela. Não tenho mais fósforos...

 

ODORICO

(Dando sua caixa de fósforos.)

Toma... Nunca vi defunto pra gastar tanta vela...

 

Dirceu volta ao quarto e torna a acender a vela, enquanto Dorotéa sai. Odorico volta a ensaiar o discurso.

 

ODORICO

Meus concidadãos! Este momento há de ficar para sempre gravado nos anais e menstruais da história de Sucupira!

(Ernesto geme de novo e Odorico se estressa)
Cala a boca defunto!
(Ernesto acorda com o grito de Odorico e se senta na cama, Judicéa se apressa a lhe dar uma sopa)

JUDICÉA
Obrigado seu Odorico, o senhor acordou o Ernesto
(Odorico amassa o discurso e o joga no chão estressado)
 

João Pedro

© Cia Teatral Sinestesia

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