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Autor:

Nelson Falcão Rodrigues (1912-1980) foi um jornalista e escritor brasileiro tido como o mais influente dramaturgo do Brasil. Nasceu em Recife, Pernambuco, mas se mudou para o Rio de Janeiro ainda criança. Seu pai foi deputado federal e era jornalista, Nelson era o quinto filho, dos quatorzes que os pais tiveram. Foi casado com Elza Bretanha, Lúcia Cruz Lima e ainda com Helena Maria, sua secretaria. Mas no fim acabou reatando seu casamento com Elza. Teve seis filhos. Ele morre no rio de janeiro em 21 de dezembro de 1980 de trombose e insuficiência respiratória e circulatória. A obra “A Falecida” foi escrita por volta de 1953 e além dessa peça Nelson tem muitas outras como, A mulher sem pecado, Vestido de noiva, Anjo negro, Senhoras dos afogados, Os sete gatinhos, Toda nudez será castigada, O beijo no asfalto e entre outras.

Obra:

A peça começa com Zulmira indo na cartomante para saber um pouco do seu futuro, e descobre que uma mulher loira ira entrar em sua vida. Depois disso ela fica paranoica e deduz que a mulher é Glorinha, sua prima que não lhe dirige mais a palavra. Zulmira tenta colocar essa ideia na cabeça de Tuninho, seu marido, mas ele só pensa em futebol. Zulmira adoece e vai ao medico, mas ele só passa um remédio para a tosse, mas ela só piora, temendo a morte, ela vai a uma funerária e encomenda um enterro luxuoso, depois diz ao marido para que var a João Guimarães Pimentel depois de sua morte. Zulmira morre e Tuninho vai ate Pimentel e descobre que os dois estavam tendo um caso, então ele chantageia Pimentel e consegue dinheiro. No fim, Zulmira tem o enterro mais simples possível e Tuninho gasta todo o dinheiro em aposta no jogo no maracanã.

 

 

PROJETO DE CENA

Personagens:

Tuninho

Ator: Max Willian

Figurino: Camisa, calça jeans e tênis.

Maquiagem:

Características: Fanático por futebol. Alienado.

 

 

 

Zulmira

Atriz: Alinne Dantas

Figurino: Vestido simples e um avental amarrado na cintura.

Maquiagem: Cabelo preso.

Características: Não entende de futebol. Lunática, obcecada.

 

 

 

Oromar

Ator: Ângelo Leita

Figurino: Bermuda, camiseta e chinelo.

Maquiagem: Óculos.

Características: Amigo, alegre. Alienado.

 

 

Parceiro 1

Ator: Lucas Alexandre

Figurino: Tênis, calção de futebol, camisa.

Maquiagem:

Características: Amigo, alegre. Alienado.

 

Parceiro 2

Ator: Klismann Viana

Figurino: Calça jeans, camisa e tênis.

Maquiagem:

Características: Amigo, alegre. Alienado.

 

Cenário:

Uma mesa com quatro cadeiras em volta. Em cima da mesa terá um jogo de baralho e quatro garrafas de cerveja com quatro copos de vidro.

Sonoplastia:

Haverá um rádio tocando alguma música no fundo.

A iluminação:

Luz baixa. Usar os holofotes da sala da banda.

Espaço dramático:

Um bar com mesas e cadeiras.

Espaço cênico:

Sala da banda.  Os espectadores ficaram sentados na “arquibancadas” e a cena se passara em baixo, onde fica a cortina.

 

 

CENA

 

(Entram Tuninho, Oromar e mais dois atores. Luz sobre uma mesa com baralho).

Em cena, quatro rapazes, incluindo Oromar e Tuninho.  Numa mesa , brincam com as cartas. Eles estão sentados nas quatros cadeiras que estão em volta da mesa. Eles discutem sobre futebol)

(Entra Oromar e Tuninho e se sentam na mesa distribuindo as cartas do baralho)

 Oromar – Vais ao jogo domingo?

Tuninho – E tu achas que eu vou perder um jogão daqueles?

Oromar – aquilo sim que vai ser um jogão! Cada jogador de primeira.

Parceiro no 1 – O Carlyle nunca foi jogador de futebol!

Parceiro no 2 – Quem?  O Carlyle ensopa o Pavão!

(Zulmira entra na cena)

Zulmira – quem é Carlyle?

(Tuninho se espanta)

Tuninho – Que faz aqui mulher? Não ver que isso é coisa de homem?

Zulmira – você quase não para em casa. Vim te ver.

(Zulmira pega o copo de Tuninho e dá um gole na bebida)

Parceiro no 1 – deixa ela ai Tuninho, relaxa homem.

Parceiro no 2 – Ahh Zulmira, mas não atrapalha que agora a gente tá falando de coisa seria.

Zulmira – e desde quando futebol foi coisa séria?

Oromar – ahh Zulmira não perturba. E pra governo de vocês o Fluminense vai dar um banho.  Nem se discute!

Parceiro no1 – olhe, Jogador profissional, que me perdesse um pênalti, eu multava!

(Tuninho marca um ponto no jogo)

Tuninho – Pimba!  Sou Vasco e dou dois gols de vantagem!

Oromar – Você é besta!

Parceiro no 2 – olhe, eu entendo muito mais de futebol que você!

Tuninho – Queres apostar?

Zulmira – apostar o que Tuninho? Fique na tua homem. A gente tem dinheiro pra isso não.

Tuninho – não me amola mulher.

Parceiro no 1 - vocês são uns palhaços. Zulmira controla teu marido, mulher.

Oromar – E o Ademir vai jogar?

(Oromar dá um gole na garrafa de bebida)

Tuninho – Não sei, nem interessa.  Queres ou não queres a aposta?

Zulmira – Tuninho não faz isso, e vocês não concordem, mas que bando de homem besta, se estressando por futebol, onde já se viu.

Oromar – ahh Zulmira fica quieta. Tu bota quanto?

Tuninho – Cem.

Zulmira – TUNHINHO!

(fala Zulmira exaltada)

 Tuninho – quieta mulher!

Parceiro no 2 – Conversa, Tuninho!

Parceiro no 2 – coloca mesmo?

Oromar – bem, dou dois gols de vantagem, eu topo.

(Tuninho estende a mão que o outro aperta.)

Zulmira – vocês não sabem o que fazem. Apostar em jogo não dar certo.

Parceiro no 2 – fica quieta Zulmira. Papo de homem aqui. A gente sabe o que faz.

Zulmira – isso é o que vocês pensam.

Parceiro no 1 – eu coloco cem também.

(Consumada a aposta, Tuninho exulta).

Tuninho – se aquieta mulher e escuta o que vou dizer: estou desempregado e outros bichos.  Mas estou tão certo, tão certo, que vai ser uma barbada daquelas, que te juro, sob minha palavra de honra, que se eu tivesse dinheiro, sabes o que eu fazia, no domingo, queres saber?

Oromar – diz ai homem.

(Tuninho está numa verdadeira euforia).

Tuninho – Espera, ouve o resto, seu zebu!  Eu entrava no Maracanã.  Muito bem.  Vamos dar, de barato, que umas cem mil pessoas assistam ao jogo.

Oromar – Cento e cinquenta mil!

Parceiro no 1 – Menos! Menos!

Parceiro no 2 – Mais!  Mais!

Zulmira – vocês exageram. Da onde que toda essa gente sai de casa pra assisti um jogo em?

Tuninho - Ahh mulher, tu não sabe de nada . Olha, seja cento e cinqüenta ou duzentas mil pessoas.  Não importa.  Pois eu, se tivesse o dinheiro, dinheiro meu, no bolso, eu sozinho, apostava com duzentas mil pessoas no Vasco.  Havia de esfregar a gaita assim, na cara de duzentas mil pessoas, desacatando: Seus cabeças-de- bagre!  Dois de vantagem e sou Vasco!  Te juro que ia fazer a minha independência, que ia lavar a égua!

(Tuninho se inclina pra frente com a mão na boca como se fosse vomitar. Aparenta estar meio tonto e a querer desmaiar. Súbito, todos estacam, entreolham-se).

Zulmira – o que houve homem?

Oromar – Que foi?

Tuninho – Aquele pastel que eu comi, parece que me fez mal. Não estou me sentindo muito bem.

Parceiro no 2 – mas tu tá sentindo o que cara?

Tuninho – Não sei. To meio tonto.

Zulmira – Oxi homem, tu nunca é de sentir isso. Deve ser as porcarias que tu anda comendo na rua.

Parceiro no 2 – deve ter sido aquele pastel daqui. O óleo que eles usam deve ter sido reusados trilhões de vezes.

Tuninho – deve ser isso mesmo. Acho que essa é minha deixa.

Parceiro no 1 – tchau homem, a gente se encontra no maracanã no fim de semana.

Oromar – e já vá separando esse dinheiro da aposta viu parceiro?

Zulmira – ele passando mal e é isso que tu fala Oromar? Pense nuns amigos que tu arranja Tuninho.

Tuninho – não amola mulher, vamos pra casa.

(Tuninho se levanta e fica em pé ao lado de Zulmira. Sai apertando as mãos dos outros três rapazes)

Parceiro no 1 – tchau homens, até o grande jogão.

Parceiro no 2 – Eita que vai ser um jogão daqueles.

(Zulmira e Tuninho saem da cena)

Fim da cena.

 

A cena acima foi adaptada, foram acrescentadas algumas falas a mais para que seja possível chegar ao tempo mínimo de 5 minutos de atuação. Também foi acrescentado Zulmira na cena, pois a original era apenas com os quatro rapazes. Zulmira foi acrescentada para que todos do grupo tivessem um papel na cena.

 

 

 

 

 

 

Alinne Dantas

© Cia Teatral Sinestesia

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