Autor: Alexandre Dumas Filho foi um escritor francês, nascido em Paris, em 29 de junho de 1824, filho do escritor Alexandre Dumas (autor de O conde de Monte Cristo e Os três mosqueteiros), e de uma costureira, Catherine Labay. Dumas Filho só foi reconhecido pelo pai em 1831. Em 1844, Dumas Filho mudou-se para Saint-Germain-en-Laye, para morar com seu pai. Nesse período, conheceu a cortesã Marie Duplessi, em quem se inspirou para escrever “A dama das Camélias”, seu romance de maior sucesso. Alexandre Dumas Filho escreveu vários romances e peças, e apesar de carregar o mesmo nome do consagrado pai, soube fazer seu caminho sozinho. Dumas Filho morreu em novembro de 1895.O romance a dama das camélias foi escrito no século XIX, e publicado em 1988.Outras peças do autor são: O amigo das mulheres, A estrangeira, O filho natural, Pai pródigo, A princesa Georges, etc.
Obra: A peça conta a história de uma cortesã francesa, em meados do século XIX, Margarida Gauthier, A Dama das Camélias, conhece Armand Duval, que confessa estar apaixonado por ela á 2 anos, mas não teria coragem de falar com ela, E eles vivem uma grande paixão impossível, até o pai de Armand tramar a separação dos dois e convencer a margarida que aquela relação é uma ruína para a família e para o futuro do filho e que ela não pode ficar com um homem de família nobre. Margarida comove-se, e num ato de nobreza e amor, renuncia a Armand. Depois que Armand descobre e a encontra em uma festa, depois de se falarem, ele a humilha, sem saber o real motivo pelo qual margarida o deixou. Margarida adoece, e à beira da morte dela, Armand é avisado por seu pai dos motivos nobres de margarida, mas já é tarde e ela morre nos braços do amado.
PROJETO DE CENA
Personagens:
Margarida
Nanine
Armando
Gastão
Gustavo
Ator:
Beatriz Figueiredo
Ana Tereza
Janderson Sales
Arthur Ramalho
João Pedro Pereira
Figurino:
Cabelo em coque, vestido de época em cores pastéis, salto alto, joia (pulseiras, colar, brincos).
Vestido simples, sem enfeites, cabelo preso em rabo de cavalo, sapato fechado simples, usa óculos.
Camisa social, chapéu, sapato social ou botas, calça, cinto, colete.
Óculos, Camisa social, chapéu, suspensórios, calça escura e sapato social.
Óculos, Camisa social, chapéu ou cartola paletó, calça da cor do paletó e sapato social.
Maquiagem:
Batom vermelho, rímel, blush, delineador e pó.
Pó, rímel, delineador, blush e batom rosa claro.
Pó e base
Pó e base
Pó e base
Cenário:
Um quarto luxuoso, com uma cama ou uma poltrona ou cadeira, e diversas decorações.
Iluminação:
O quarto é bem iluminado, com a iluminação da própria sala.
Espaço dramático:
Se passa no quarto de margarida, no século XIX.
Espaço cênico:
Uma cama ou poltrona no canto, com as decorações espalhadas, e uma cadeira próximo a porta.
Sonoplastia:
Yoko shimomura- Aqua’s Theme
NANINE (Entra, deixa o dinheiro em cima da lareira e vem até Margarida). A senhora...
MARGARIDA: O que é, Nanine?
NANINE: Está se sentido melhor, hoje?
MARGARIDA: Estou, por que?
NANINE: Então, prometa que vai ficar calma.
MARGARIDA: Mas o que foi?
NANINE: Quis primeiro prevenir a senhora... quando a gente não espera é difícil suportar uma alegria!
MARGARIDA: Você disse uma alegria? Armando! Você viu Armando? Armando veio me ver! (Nanine faz que sim com a cabeça. Margarida corre até a porta). Armando! (Ele aparece, muito pálido. Ela se atira ao seu pescoço, se aperta contra ele). Não é você! Não é possível que Deus seja tão bom, tão misericordioso.
ARMANDO: Sou eu, Margarida, eu mesmo, tão arrependido, tão culpado, que nem tinha coragem de cruzar a sua porta. Se não tivesse encontrado Nanine teria ficado na rua. Margarida, não me amaldiçoe! Meu pai me escreveu. Eu estava bem longe, sem saber para onde ir, fugindo do meu amor e do meu remorso... Se eu não tivesse te encontrado eu morreria, pois teria sido o culpado de sua morte... Ainda não estive com meu pai. Diga que nos perdoa, Margarida, a nós dois. Como é bom te ver de novo.
MARGARIDA: Te perdoar, querido? Fui eu a culpada... Mas não podia ter feito outra coisa. Queria a sua felicidade, mesmo a custa da minha... Agora seu pai não vai mais nos separar... Não é a mesma Margarida que você está encontrando, mas ainda sou moça e voltarei a ser bonita, pois sou tão feliz! Vamos esquecer tudo... De hoje em diante, começaremos a viver...
ARMANDO: Nunca mais hei de te deixar... Agora meu pai já sabe o quanto você vale... Vai te amar como a uma filha. Minha irmã está casada. O futuro nos pertence...
MARGARIDA: Suas palavras me dão outra vida, seu amor me devolve as forças... Eu estava dizendo, que só uma coisa podia me salvar... Mas não pensei que pudesse acontecer! Não devemos perder mais tempo e como a vida me escapa entre os dedos, vou prendê-la na mão... Nichette vai casar... com Gustavo, agora cedo... Vamos vê-la... Vai ser bom entrar na igreja, fazer uma oração e assistir à felicidade dos outros... Que surpresa que estava me reservando a Providência! Diga que me ama ainda uma vez.
ARMANDO: Eu te amo, querida, e hei de te amar a vida inteira.
MARGARIDA Nanine, eu quero me aprontar para sair.
ARMANDO: Você tomou bem conta dela Nanine! Obrigado.
MARGARIDA: Falávamos em você todos os dias só nós duas; pois ninguém mais tinha coragem de pronunciar o seu nome. Ela me consolava, dizendo que você ia voltar... E não mentia... Agora partiremos juntos...
ARMANDO: Que é isso, Margarida, está tão pálida! ...
MARGARIDA: Não é nada querido. É a felicidade que não pode entrar de repente num coração desolado... sem sufocar um pouco... (Senta-se e atira a cabeça para trás).
ARMANDO: Meu Deus! Por favor, Margarida! Fale!
MARGARIDA: Não se assuste, querido; sempre fui sujeita a essas vertigens. Passam depressa: olhe estou sorrindo. Pronto já passou!
ARMANDO: Está tremendo!
MARGARIDA: Não é nada, não! Me dê um xale, Nanine, um chapéu...
ARMANDO: (Assustado). Meu Deus! Meu Deus!
MARGARIDA: (Tirando o xale, com desespero depois de ter experimentado sair). Oh! Não posso! (Cai sobre o canapé).
ARMANDO: Corra buscar o médico, Nanine.
MARGARIDA: Isso, depressa! Diga-lhe que Armando voltou e que eu quero viver, que eu preciso viver... (Nanine sai). Se sua volta não me salvou, o que irá me salvar? Mais cedo ou mais tarde aquilo que foi a nossa vida acaba nos matando. Eu vivi de amor e estou morrendo de amor.
ARMANDO: Não foi para te perder de novo que Deus quis que eu te encontrasse, Margarida... Você vai viver, é preciso.
MARGARIDA: Sente aqui, perto de mim... o mais perto que puder e preste atenção... Ainda há pouco tive um momento de raiva contra a morte. Estou arrependida, ela é necessária. E generosa pois esperou a sua chegada para me levar.
ARMANDO: Não fale mais assim, Margarida, eu acabo enlouquecendo... Não diga mais que vai morrer, diga que você não acredita... que não pode ser ... que você não quer morrer!
MARGARIDA: Mesmo que eu não quisesse, teria de me conformar, querido, é a vontade de Deus. Se eu morrer, a imagem que você guardar de mim será pura; se eu viver sempre haverá manchas em nosso amor... Creia, tudo que Deus faz é bem feito.
ARMANDO (Levantando-se): Ah! E demais!
MARGARIDA (Detendo-o): Que é isso? Sou eu que tenho de te dar coragem? Escute, abra essa gaveta e pegue um medalhão... é o meu retrato, Mandei fazer para você... é seu, quero que te ajude a recordar. Mas se algum dia uma moça se apaixonar por você, se você casar com ela, como deve ser. Como eu quero que seja... e se ela encontrar esse retrato... Diga que é de uma velha amiga que morreu... Mas se ela tiver ciúmes do passado, se te pedir o sacrifício desta lembrança, faça-o sem medo e sem remorsos; será justo e, desde já, eu te perdoo... A mulher apaixonada sofre demais não se sentindo querida... Está ouvindo, Armando compreendeu bem?
(Os mesmos, Nanine, Gustavo e Gastão. Gastão entra assustadao mas se acalma à medida que vê Margarida sorrindo e Armando a seus pés).
GASTÃO: Ah! Margarida! Você me escreveu que estava morrendo e eu a encontro feliz e com Armando...
ARMANDO (Baixo): Oh! Gustavo, como sou infeliz!
MARGARIDA: Eu estou morrendo, mas estou feliz também e minha felicidade esconde minha morte... Como é estranha esta primeira vida e como deve ser estranha a outra. Falem de mim, às vezes... Armando, me dê a mão... Juro que quando a gente é feliz. Não é difícil morrer... (A Armando). Ele foi tão bom para mim... Ah! É estranho! Levanta-se).
ARMANDO: O que?
MARGARIDA: Não estou sofrendo mais. Parece que a vida está voltando... um bem estar, como nunca senti... Eu vou viver! Ah! Como estou me sentindo bem! (Senta-se e parece adormecer)
GASTÃO: Está dormindo!
ARMANDO: (Inquieto e depois, aterrado). Margarida! Margarida! Margarida. (Dá um grito, é obrigado a fazer um esforço para retirar sua mão da de Margarida). Ah! (Recua, horrorizado). Morta! (Correndo para Gustavo). Meu Deus! Meu Deus! O que vai ser de mim? ...
GUSTAVO: Pobrezinha, como gostava de você!
GASTÃO (Que se ajoelhara): Durma em paz, Margarida! Muito lhe será perdoado pelo muito que amou!