Autor:
O autor da obra "A casa de Bernarda Alba" é Federico Garcia Lorca, que nasceu nos arredores de Granada, Espanha, no dia 15 de junho de 1898, e morreu aos 38 anos no dia 19 de agosto de 1936. Ele foi um poeta e dramaturgo, considerado um dos maiores nomes da literatura espanhola. Por imposição da família ele estudou Direito na Universidade de Granada, mas sua vocação era mesmo a poesia, e em 1918 ele publicou seu primeiro livro, "Impressões e Paisagens". Somente em 1936 ele publicou a obra "A Casa de Bernarda Alba". Também é autor das obras "Bodas de Sangue" (1933),
"Yerma" (1934), "Quimera" (1930) e "El publico" (1933).
Obra:
A obra conta a história de uma matriarca chamada Bernarda Alba que comanda uma sua casa e as suas 5 filhas: Adela, Angústias, Martírio, Madalena e Amélia. Depois que Bernarda ficou viúva ela obrigou as filhas a ficarem presas dentro de casa decretando luto de 8 anos. Também vivem junto com elas a mãe de Bernarda, a criada e a governanta La Poncia.
Bernarda quer que suas filhas sejam decentes e tenta manter a ordem casa, porém, o amor de suas filhas pelo mesmo homem transforma a casa em um campo de batalha. Angústias é noiva de Pepe, porém ele tem um caso com Adela e Martírio inveja Adela por isso. Tudo estava embaixo do tapete até Adela e Pepe serem flagrados, e então Pepe foge e Adela se suicida.
Projeto de Cena
Quantidade de personagens: Três personagens
Características principais:
Adela: personalidade forte, está determinada a seguir os seus desejos e não tem medo de ir contra as ordens da mãe.
Martírio: uma mulher insegura e hipócrita. Ela não concorda com o que sua irmã faz porém sente inveja dela, e faria o mesmo.
Coro: não possuem características.
Atores:
Beatriz Figueiredo (Adela); Ana Tereza (Martírio); Janderson Sales, João Pedro e José Arthur (Coro)
Maquiagem de cada personagem:
Adela: maquiagem de tom claro, lábios rosados.
Martírio: maquiagem de tom claro e olheiras rasas.
Coro: sem maquiagem.
Figurino de cada personagem:
Adela: camisola branca
Martírio: camisola preta
Coro: terno
Cenário: Uma mesa, uma cadeira, um copo com água em cima da mesa e no fundo uma porta.
Sonoplastia: Sons de gemidos no início vindos do quintal e em seguida um som de tensão.
Iluminação: Fraca.
Espaço dramático: A sala de jantar da casa de Bernarda.
Espaço cênico: Sala da banda
(Sons de gemido no fundo em seguida as luzes ambiente se ascendem)
(Martírio fecha a porta por onde saiu Maria Josefa e se dirige para a porta do curral. Ali hesita, mas avança dois passos.)
MARTÍRIO
(Em voz baixa.) – Adela. (Pausa. Avança até a mesma porta. Em voz alta.) – Adela!
(Aparece Adela. Vem um pouco despenteada.)
ADELA
Por que me procuras?
CORO
(Sarcasticamente) – Por que será, Adela?
(Início de música de tensão)
MARTÍRIO
Deixa esse homem!
ADELA
Quem és tu para me dizer isto?
MARTÍRIO
Esse não é o lugar de uma mulher honrada.
ADELA
Com que vontade ficaste de fazer o mesmo!
MARTÍRIO
(Em voz alta.) – Chegou o momento de eu falar. Isto não pode continuar assim.
ADELA
Não é mais que o começo. Tive força para chegar antes. A coragem que não tens. Vi a morte debaixo destes telhados e saí para buscar o que era meu, o que me pertencia!
MARTÍRIO
Esse homem sem alma veio por outra. E tu te puseste no seu caminho!
ADELA
Veio pelo dinheiro. Mas nunca deixou de me olhar.
MARTÍRIO
Não permitirei que fique com ele. Tem de se casar com Angústias.
ADELA
Sabes melhor que eu que ele não a quer.
MARTÍRIO
Sim. Eu sei.
ADELA
Sabes, por que viste, que ele quer é a mim.
MARTÍRIO
(Despeitada.) – Sei.
ADELA
(Aproximando-se.) – Ele quer é a mim! Ele quer é a mim!
CORO
Ele quer a ti!
MARTÍRIO
Crava-me uma faca, se isso te satisfaz, mas não me fales mais nada.
ADELA
Por isso fazes tudo para que eu não me vá com ele. Não te importa que abrace aquela a quem não ama. A mim também não me importa. Pode ficar cem anos com Angústias, mas que me abrace te parece terrível, porque também o amas! Também o amas!
MARTÍRIO
(Dramática.) – Sim! Deixa-me dizê-lo sem disfarces. Sim! Deixa que o meu peito se rompa como uma romã de amargura. Eu o amo!
ADELA
(Num ímpeto de ternura e abraçando-a) – Martírio, Martírio, eu não tenho culpa.
MARTÍRIO
Não me abraces! Não penses em me abrandar. Meu sangue já não é o teu. Mesmo que te quisesse ver como irmã, não podia: não vejo mais que a mulher. (Rechaça-a)
ADELA
Aqui já não se pode remediar nada. A que tiver de se afogar que se afogue. Pepe Romano é meu. Ele me leva aos juncos.
MARTÍRIO
Não admito!
ADELA
Já não suporto o horror desta casa depois de ter provado o gosto da sua boca. Serei o que ele quiser que eu seja. Todo o povoado está contra mim, queimando-me com seus dedos de fogo. Sinto-me perseguida pelos que dizem que são decentes. Mas me porei a coroa de espinhos que se destina àquelas que são amantes de algum homem caso.
CORO
Nascer mulher é o maior castigo.
MARTÍRIO
Cala-te!
CORO
(Gritando)-Cala-te! Cala-te!
ADELA
Sim. Sim. (Em voz baixa.) – Vamos dormir, vamos deixar que se case com Angústias. Já não me importa. Mas eu irei para uma casa só minha, onde ele me verá quando bem desejar.
MARTÍRIO
Isso não acontecerá enquanto me restar uma gota de sangue.
ADELA
Não a ti, que és fraca. A um cavalo empinado sou capaz de pôr de joelhos com a força de meu dedo mindinho.
MARTÍRIO
Não levantas essa voz irritante. Tenho no coração uma revolta que, sem eu querer, me sufoca.
ADELA
E ensinam as irmãs a se estimar! Deus devia me ter deixado só na escuridão, porque te vejo como se nunca te tivesse visto.
(Música acaba e as luzes são desligadas)